sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Mais de 1400 turistas já foram resgatados em Machu Picchu

As condições meteorológicas melhoraram e permitiram realizar uma ponte aérea sem precedentes no Peru.

Cerca de 1400 dos mais de 2000 turistas que tinham ficado bloqueados junto à cidadela inca de Machu Picchu já foram levados para locais mais seguros, após as fortes chuvas que causaram inundações e aluimentos de terra na região e que obrigaram muitos turistas a permanecer no local durante quatro dias.


Ainda falta retirar mais de 800 pessoas daquela zona, anunciaram as autoridades locais. Com o caminho-de-ferro bloqueado, as operações de evacuação fizeram-se com o apoio de 12 helicópteros, seis dos quais cedidos pela embaixada dos Estados Unidos. Em cerca de 11 horas foram realizados 93 voos.


As chuvas que afectaram a região desde o passado fim-de-semana e provocaram derrocadas que causaram a morte de um guia turístico, de uma mulher argentina que estava de visita ao Caminho Inca e de outros sete habitantes na região. Várias casas ficaram destruídas, mais de 13 mil pessoas ficaram sem abrigo e o Governo peruano decretou o estado de emergência para os próximos 60 dias.
Estas foram as piores chuvas que atingiram a região nos últimos quinze anos. As operações de resgate estão, no entanto, a ser marcadas por acusações de que está a ser dada prioridade aos turistas mais ricos. Um grupo de turistas chilenos disse à AFP que os militares pediram 300 dólares para os deixar entrar no helicóptero. “Ficámos durante três dias à fome e quando encontramos um helicóptero foi-nos pedido 300 dólares”, contou Javier Marquesi. “Sem a ajuda da população local já estaríamos mortos”, adiantou Hector Aravena.


Algumas testemunhas relataram também que estavam a ser pagos 500 dólares para entrar num helicóptero. “É indigno ver que velhos peruanos e chilenos ficam em terra enquanto os turistas europeus, americanos e japoneses jovens e de boa saúde são transferidos”, disse à imprensa chilena Alejandro Ceis, citado pela AFP, que diz ter pago para deixar a região. Muitos turistas ficaram sem dinheiro depois de terem visto os preços dos bens de primeira necessidade aumentar consideravelmente.


O Ministério do Turismo peruano negou, no entanto, que esteja a haver pagamentos em troca do resgate, mas confirmou que autorizou a descolagem de um helicóptero particular para ir buscar ao local um grupo de 14 turistas japoneses.

Alguns troços do caminho-de-ferro Peru Rail ficaram danificados e a linha irá manter-se encerrada por tempo indeterminado. Todos os anos aquela região, a 2500 metros de altitude, recebe cerca de 800 mil turistas.

Jornal Público, 29 de Janeiro de 2010

Comentário:
Mais uma catástrofe provocada pelas extremas condições meteorológicas. Estes cenários são cada vez mais frequentes e destroiem milhares de casas deixando milhares de pessoas na rua, como foi o caso em Machu Pichu.
Neste situação revolta-me o facto de as equipas de resgate terem pedido dinheiro para tirar as pessoas daquele local, e terem dado prioridade aos turistas mais ricos, revela-se um acto de cobardia e de falta de escrupulos. Este tipo de atitudes só demonstram o que a sociedade e o mundo se está a tornar: um mundo dominado pelo dinheiro e poder.

1 comentário: